Capítulo 2 - Conteúdo nas Redes Sociais - Parte 2
Pensamento e Pressão de Grupo nas redes Sociais
7 COISAS QUE TODOS DEVERIAM SABER SOBRE A INTERNET
A internet é uma via de mão dupla. Navegando, você sempre está dizendo algo sobre suas preferências. Ela é diferente de canais tradicionais de comunicação (como televisão, rádio e revistas, todas essencialmente unidirecionais).
A personalização de seu uso cria uma bolha de informações para você. Sair da bolha depende de como você usa a internet.
A rede tem seus riscos, mas muitas oportunidades. Normalmente, essas duas coisas existem na mesma proporção.
Para todo problema existe um aplicativo ou ferramenta digital. Se não existe, vai existir. Você mesmo pode criá-la e ficar rico!
Quer aprender algo? Existe um vídeo ensinando na internet. Se não existir, faça você!
Lembre-se: a internet é apenas o meio. O conteúdo é seu.
A internet responde aos estímulos das multidões. Ela é responsiva, muda o tempo todo em resposta às milhões de interações realizadas pelas pessoas conectadas.
Como comunidades virtuais podem influenciar pessoas
O pensamento e pressão de grupo são duas teorias estudadas, respectivamente, em 1951 por Solomon Asch e em 1952 por Willian H. White. Elas analisavam como um indivíduo pode ser coagido por um grupo a executar uma ação. White pesquisou como a pressão de grupo podia exercer forças sobre indivíduos, até o ponto de formar um pensamento de grupo. E este pensamento de grupo é um fenômeno que pode levar a consequências catastróficas.
“O ‘Pensamento de grupo’ é o que ocorre quando um grupo de pessoas toma uma decisão ruim porque seus membros cedem às pressões do grupo. Por exemplo, o desejo de harmonia faz com que os membros de um grupo tentem minimizar conflitos, concordando com uma decisão apenas para chegar ao consenso. - Extraído de “1001 ideias que mudaram nossa forma de pensar”, Arp, Robert, editora Sextante.
Os casos mais trágicos ocorrem quando o pensamento de grupo consegue comover milhares de indivíduos. Geralmente o que se segue é o linchamento virtual, que toma proporções ainda mais graves quando ele deixa de ser digital e passa para o mundo real. Em 2014, houve relatos de uma mulher que estaria praticando rituais de magia negra com crianças. Nunca se provou nada neste sentido mas, supostamente, a mulher foi encontrada e linchada até a morte.
A responsabilidade sobre as informações deve partir de cada um de nós, usuários. Devemos tomar cuidado com as decisões que tomamos. A rede social e a internet passam uma falsa sensação de segurança, seus membros sentem que são imunes sentados em seus computadores, trancados em seus quartos.
VOCÊ SABE O QUE É “HOAX”?
“Hoax” pode ser traduzido com embuste ou farsa. É uma notícia falsa criada propositalmente para engajar um grupo de pessoas. O hoax não é de hoje e, bem executado, pode alcançar proporções gigantescas. O maior exemplo disso foi a leitura de Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, via rádio em 1938, que gerou pânico generalizado e pessoas abandonando a cidade. Existem técnicas utilizadas para tornar a notícia mais fácil de ser acreditada. É possível fazer isso usando técnicas simples, como colocar dados completos e informações detalhadas. Tudo isso torna um texto mais factível e uma história mais verídica.
CUIDADO COM A SUA PERCEPÇÃO
Percepções pessoais sobre o uso da tecnologia podem levar ao erro
Jamais devemos tirar nossas conclusões baseadas em nossas preferências pessoais. É comum tirarmos conclusões sobre assuntos de acordo com nossa própria percepção do mundo, sem pensar no público alvo. Basta lembrar como, na maioria das vezes, nós NÃO somos o público de nossas campanhas
NÃO PRATIQUE O “ACHISMO”
Por exemplo, se alguém utiliza muito o Twitter, não seria difícil que ela assumisse que o canal é a melhor ferramenta de comunicação para divulgação. Seria algo natural, pelo fato dela pessoalmente conseguir melhores resultados através do Twitter. Esse mesmo raciocínio é ainda mais comum para redes mais populares como, por exemplo, o Instagram. Não importa que o Facebook seja a rede mais popular do mundo, não é raro ouvir conclusões como “ninguém mais usa o Facebook, agora estão todos no Instagram”. Uma constatação perigosa como esta pode comprometer toda a sua comunicação digital!
“QUEM GENERALIZA PERDE A RAZÃO”
Existem milhões de pessoas conectadas à internet e todas usam muitas plataformas diferentes. Não podemos generalizar dizendo que NINGUÉM usa o Tumblr ou o Pinterest. Treine-se sempre para evitar frases que comecem com:
Muitas vezes, ao considerar essas como verdades, podemos estar ignorando um percentual importante.
PARE E PENSE SOBRE AS SEGUINTES AFIRMAÇÕES
• Todo mundo usa o Google. Ninguém usa o Bing. • Apenas os velhos usam Internet Explorer. • Todo mundo usa o Instagram. • Ninguém mais usa o Facebook. • Todo mundo usa Whatsapp. • Ninguém usa Flickr e Pinterest. • Apenas jovens e adolescentes usam o Snapchat. • Ninguém usa o Twitter. • O Youtube é utilizado apenas por crianças e adolescentes. • Ninguém usa o Reclame Aqui. • Todo mundo que trabalha usa o Linkedin. • Os portais de internet acabaram e ninguém mais acessa. • Todo mundo tem Smartphone.
QUANTAS DESSAS FRASES SÃO 100% VERDADEIRAS?
ECOSSISTEMA DE PRODUÇÃO DE VÍDEOS
A produção audiovisual terá que mudar e evoluir Se uma imagem vale mais que mil palavras, um vídeo vale mais que mil imagens. Com a crescente velocidade de conexão com a Internet, o consumo de vídeo vem se tornando uma das principais tendências dentre os comunicadores digitais. O conteúdo audiovisual também vem passando por um período transitório. Há décadas produzimos vídeos para televisão em um formato 100% unidirecional - e este formato ainda predomina, mesmo na internet. É algo obsoleto. Essa transição só começou com a transmissão ao vivo. O processo de transmissão ao vivo é a forma final definitiva do conteúdo, e até então era impossível para meros mortais. Apenas uma rede de televisão com capacidade de comprar os equipamentos caríssimos necessários conseguiam fazer isso. As redes sociais e aplicativos vêm tornando possível realizar transmissões ao vivo de qualquer lugar, a qualquer hora. O tempo de produção não pode ser superior ao seu tempo de duração. Os vídeos precisam de mais interação, começar a dialogar com as pessoas para estimular suas respostas. A nova profissão do momento é a de “Youtuber”. Crianças conectadas já sonham com o sucesso produzindo vídeos para internet. Crianças e jovens ganham dinheiro produzindo vídeos para a internet em um modelo de negócios que, até então, não existia. Antigamente, o processo de criação de vídeos tinha apenas um destino e uma saída: o produto finalizado, pronto para ser transmitido na TV. Porém, a possibilidade de ter seu vídeo publicado em multiplataformas nos força a pensar a produção de vídeo com múltiplas saídas. Hoje, um vídeo não é apenas mais um vídeo. É uma experiência multiplataformas.
VIVEMOS EM BOLHAS
Uma internet personalizada para cada um de nós
Através de programações complexas e algorítmos, as plataformas estão se adaptando aos seus usuários e personalizando seu conteúdo. Cada pequena decisão que você toma está sendo registrada e analisada em tempo real. Não é preciso ir muito longe para perceber. Todas as escolhas feitas no Netfl ix são registradas em uma grande inteligência artifi cial que re-organiza suas categorias e decide quais itens serão mostrados em seu próximo acesso. O Netfl ix é um excelente exemplo do que TODOS os sites e aplicativos vêm fazendo conosco, todos os dias. A consequência disso é que, num universo infi nito de opções que é a Internet, a bolha limita o que você pode descobrir. É como só poder ir aos mesmos restaurantes de sempre todos os dias e jamais poder ver os outros, no caminho. Nosso instinto básico nos coloca sempre em contato com o mesmo tipo de conteúdo. Assistimos às mesmas séries e fi lmes, passamos pelos mesmos sites e frequentamos as mesmas comunidades e grupos. Gostamos de locais aconchegantes com opiniões semelhantes às nossas. Isso nos trás conforto e uma ilusória sensação de controle. Amplie seu mundo indo além do que você está acostumado a receber. Se não puder estar exposto a novas formas de pensar, como você espera evoluir? Esteja aberto a outros pontos de vista. Ouça ideias de que ainda não ouviu falar. Não tenha medo da discussão.
COMO SAIR DA SUA BOLHA DE INFORMAÇÕES? É preciso fazer buscas por coisas diferentes. Veja vídeos diferentes do que costuma ver. Entre no Google e explore novos sites, acesse novas comunidades, interaja com conteúdos diversos no Facebook. Para sair da bolha, mude seu comportamento de uso!
Imagine que, pouco tempo atrás, uma grande parcela da sociedade não possuía voz. Até que, subitamente, todas as pessoas passassem a ter o poder de uma mídia em massa. É o que acontece hoje. Através de um smartphone, todos são capazes de atingir multidões. É fato que os sites colaborativos vêm crescendo juntamente com pessoas que aprenderam a como utilizá-los com efi ciência. Ao mesmo tempo que grandes oportunidades são geradas, também temos novos problemas surgindo. A qualidade do conteúdo publicado vem caindo vertiginosamente. Será que a sociedade está pronta para uma queda de conteúdo tão grande? Será que as piadas, brincadeiras e pegadinhas serão os únicos conteúdos predominantes? Claro, em grande parte isso é culpa nossa. O conteúdo é otimizado para o que procuramos, o que estamos acostumados a ver. Ele também conta muito sobre o que somos. Só podemos torcer para que sejamos melhores que vídeos de desafi os e brincadeiras sem sentido. Todas as sugestões de vídeos do Youtube, que você recebe, são culpa sua. Tudo que o Netfl ix lhe mostra é culpa sua. Tudo que o Google lhe dá em resultados de busca é resultado de suas buscas anteriores. A sua internet é um refl exo distorcido de suas próprias ações.
“VOCÊ É O QUE VOCÊ COMPARTILHA!” - Gil Giardelli, especialista em Cultura Digital
A produção de conteúdo deve sempre considerar o receptor da mensagem e como será sua reação, como ele se comportará. A forma de interação de um conteúdo colocado para um grupo de fãs de filmes de ação é totalmente diferente de um colocado para uma comunidade de advogados, por exemplo. O conteúdo pode até ter a mesma qualidade, usar as mesmas mecânicas e o mesmo assunto básico, mas a resposta comportamental é diferente. Entender e reação da comunidade e usá-la para atingir seus objetivos é uma das formas mais fáceis e eficientes de trabalhar na internet. Uma comunidade forte e bem estruturada trabalha em prol de uma causa - a sua! -, mesmo sem recompensas financeiras. Isso acontece pois elas não são movidas por dinheiro, mas por outras formas de recompensa. Reconhecimento é uma delas: status dentro da comunidade, empoderamento, recursos exclusivos ou até mesmo brindes para os mais engajados. Tudo isso funciona muito bem.
Entretanto, é importante descentralizar o poder e empoderar diversos membros ao mesmo tempo. Uma pessoa sempre será apenas uma e, sempre que a comunidade estiver centralizada em um indivíduo, ela não poderá ser tornar maior do que o poder de influência daquele membro. Permitir que vários exerçam suas influências para trazer benefícios à comunidade torna o todo maior e mais funcional. Pensando em uma rede distribuída, é possível dar ferramentas para que todos possam se ajudar mutuamente, dispensando a necessidade de figuras centrais ou curadores. O próprio ambiente pode ser autogestionado. A autogestão é um conceito muito utilizado nos aplicativos atuais. Quando pensamos em ganhar escala e impactar um público grande, chega o momento em que é impossível centralizar todos os processos de curadoria. Aplicativos e redes colaborativas usam ferramentas internas para incentivar seus usuários a cuidar disso.
A DISCUSSÃO DIGITAL E A EXPOSIÇÃO DE IDEIAS
As pessoas não deveriam fugir das discussões virtuais Um ambiente 100% positivo ou 100% seguro na internet é utopia. São milhares de pessoas e sempre haverá uma opinião discordante. Dela, nasce a discussão. A maioria foge das discussões virtuais, pois tem medo das consequências. Entretanto, outras pessoas são atraídas por elas, pois sabem como debater é essencial para expor e confrontar ideias e opiniões. Por isso, existem diferentes posturas durante uma discussão na internet.
CONTANDO HISTÓRIAS
Como contar a mesma história de jeitos e formatos diferentes Contar histórias é um jeito simples de transmitir uma informação. As plataformas digitais permitem um leque amplo de possibilidades e uma mesma história pode ser contada de inúmeras formas. Melhor ainda: elas permitem fazer tudo isso de maneira interativa e envolvente. A cultura de convergência (referência ao livro”Convergence Culture”, de Henry Jenkins) ensina como podemos contar uma mesma história em múltiplas plataformas. Mas não pense que ela deve ser contada inteira, repetida, em cada lugar. É preciso analisar as características de seus usuários em cada ambiente e fragmentar partes da história para encontrar a que melhor se encaixa a cada veículo. Jenkins ainda cita marcas que utilizaram a transmídia para obter sucesso. Star Wars e Matrix são duas delas. No Brasil, ainda de forma tímida, as redes Globo e SBT tentam experiências com multiplataformas. Outra marca que tem tido sucesso em contar histórias em múltiplas plataformas é a Vila Sésamo Brasil, que criou experiências que expandem o universo para fora do programa televisivo. Os personagens ganham vida nas redes sociais dando continuidade aos episódios do dia e interagindo com os fãs através de mensagens e comentários. A complexidade de assimilação está ligada ao quão complexo é o processo de consumo de um conteúdo. Uma mesma mensagem pode ser entregue com diferentes níveis de complexidade de assimilação. A complexidade é defi nida por diversos fatores, como por exemplo:
Tempo necessário para o consumo do conteúdo
Uso de palavras simples ao invés de palavras complexas
Uso de imagens para explicação
Uso de ícones e diagramas
Complexidade do formato
Uso de animação
Uso de vídeo
Podemos considerar que cada formato possui um grau de complexidade de assimilação. Essa complexidade de assimilação pode ser calculada medindo quanto tempo a pessoa precisa para consumir o conteúdo e analisando o grau de instrução ou entendimento que o receptor precisa para ter total compreensão.
Quando publicamos algo na internet e nas redes sociais, dependendo do formato ou da forma como fazemos o upload, a plataforma pode tratar o conteúdo de formas diferentes. Cada forma pode apresentar diferentes graus de difi culdade de assimilação.
E não é só isso: geralmente esquecemos de considerar como a plataforma entrega as informações. É preciso entender quem (e onde) vai receber sua mensagem. Por exemplo, pense na parte tecnológica: um texto é muito mais fácil de ser recebido que um vídeo, pois estes últimos são bem mais pesados. Se as receptoras tiverem aparelhos com velocidade reduzida, com certeza terão problemas se você criar um conteúdo apenas de vídeo. Por isso, o aparelho de destino também é um dos fatores a serem considerados quando está criando uma comunicação na internet.
Imagine um estudo médico explicado em um texto complexo com 8.000 caracteres. Este mesmo texto pode virar um áudio de 10 minutos. O mesmo áudio poderia se tornar um vídeo de 3 minutos.
Uma explicação extensa, contando como funciona o serviço de uma agência de marketing digital e sua contratação, poderia ser transformada em uma divertida história em quadrinhos. Textão explicando como contratar a agência “A Trianons é uma empresa de inovação digital e redes sociais. O primeiro passo para um trabalho completo começa com um diagnóstico de presença digital. Analisamos e listamos todos os pontos importantes. Estudamos as melhores soluções e planejamos todo o processo de execução. As informações obtidas são organizadas em uma apresentação e preparadas com carinho. Durante uma reunião presencial, nossa equipe apresenta as informações mais importantes encontradas no diagnóstico, mostra o plano com as soluções e realiza propostas para execução. O cliente pode tirar dúvidas sobre o projeto, que são respondidas na reunião presencial ou por meio do e-mail. Não havendo dúvidas, aprovamos a proposta e iniciamos a execução. Uma vez recebida a confi rmação da contratação, a área fi nanceira da Trianons enviará os dados cadastrais e cuidará de todo processo burocrático.”
A história em quadrinhos torna o processo de contratação menos traumático. De forma ilustrada e descontraída, passamos uma mensagem completa com maior abrangência de entendimento e com muito menos estresse ao receptor. Diferentemente do texto grande e complexo, a história em quadrinhos tem sua própria riqueza de informações. Temos personagens carismáticos com expressões faciais, quadros coloridos e certa identifi cação, pois alguns desenhos são inspirados em memes de internet (será que você consegue identifi cá-los?).
SEU TEXTO É FÁCIL DE LER E COMPREENDER?
Existe uma forma de analisar os textos que você escrever O FK é uma forma simples de avaliar se o seu texto tem fácil compreensão. Ela foi criada em 1975 por J. Peter Kincaid e seu time. Sua fórmula considera que pontuações mais altas são mais fáceis de ler e compreender. Dentro desta fórmula matemática, Peter considera a quantidade de letras, sílabas e frases. A fórmula foi criada para análise de complexidade em textos em inglês - ou seja, a pontuação original sugerida pode sofrer algumas variações ao ser usada em textos em português. Ainda assim, podemos considerar que o valor do resultado serve como referência para qualquer texto.
Atualmente, não é preciso realizar esse tipo de teste manualmente. Existem ferramentas na internet que permitem conseguir uma análise em questão de segundos.