Carta Aberta ao Ecossistema World
Preocupações Sinceras sobre o Futuro da World e sua Comunidade
Carta Aberta ao Ecossistema World
Preocupações Sinceras sobre o Futuro da World e sua Comunidade
A proposta de valor da World é importante demais para dar errado. Mais do que isso, é valiosa demais para estar nas mãos de pessoas com intenções equivocadas, despreparo ou visões distorcidas. A prova de ser humano único no ambiente digital tem um valor autêntico, disruptivo e naturalmente caótico. E é justamente por isso que atrai tanto perfis movidos por propósito quanto por ambição financeira.
A diferença entre os dois está nas atitudes. Aqueles movidos apenas por dinheiro agem sem escrúpulos, exploram o projeto ao máximo e, ao saírem, não deixam qualquer legado. Já quem se move pelo propósito estuda, se aprofunda e contribui com ou sem retorno financeiro. Reconhece a importância de se manter ativo por acreditar no impacto social da proposta. E sim, todos precisamos pagar contas, mas os movidos pelo propósito permanecerão — remunerados ou não.
O ecossistema World não pode ser uma ilha, tampouco ter um único regente. Entendo que a descentralização está em andamento, mas o "como" ela será conduzida é decisivo. Dinheiro não pode ser o único critério de decisão sobre o controle da rede. Precisamos de governança e critérios de elegibilidade claros.
Falar sobre a proposta de valor da World é quase redundante para quem conhece o projeto. O objetivo aqui é levantar pontos de atenção, justamente porque acredito na World.
Pontos Críticos
A World no Cenário Global
O projeto avança e acumula conquistas, mas é preciso cautela. A transformação verdadeira não vem de cima para baixo, mas da base. A prova de unicidade digital precisa mudar vidas para cumprir sua missão. Enquanto isso não acontecer, precisamos avaliar com realismo seu impacto social.
Reduzir a proposta da World à distribuição de tokens é simplista. A ideia inicial de UBI (Renda Básica Universal) já foi superada. A prova de unicidade é o que pode viabilizar não só a UBI, mas governança justa, acesso a serviços e redistribuição de valor. A prova de humanidade na era da Inteligência Artificial é uma solução emergente para um problema iminente.
Parcerias com grandes marcas são importantes, mas não podem ser mais relevantes do que o impacto direto na vida das pessoas. Quando o projeto se distancia da base, perde força. Pessoas não defendem mais o projeto e só falam sobre o projeto quanto são remunerados ou com alguma vantagem imediata.
Mesmo os novos anúncios do projeto são empolgantes e carregados de mais mistérios do que explicação. A primeira vista, notícias como World ID Fee são negativas; porém lendo com mair profundidade traz oportunidades promissoras. E pq ninguém está falando disso?
A World no Brasil
No Brasil, a World foi vítima de desinformação e sensacionalismo. A narrativa "Compre sua íris por R$700" ganhou manchetes, enquanto "Proteção digital na era da IA" foi ignorada. É mais fácil ganhar cliques com escândalo do que com contexto técnico.
A opinião pública influenciou diretamente a atuação das autoridades. Soma-se a isso o desconhecimento sobre o comportamento digital do brasileiro e a complexidade técnica da World.
A World é um projeto complexo. Demanda tempo, estudo e compreensão. Muitos que se aprofundaram, tornaram-se defensores apaixonados. Porém, esses defensores — os evangelistas do projeto — carecem de apoio.
A falta de suporte a quem tem voz ativa, capacidade técnica e paixão pelo propósito enfraquece a base. Se os verdadeiros entusiastas forem ignorados, perderemos os maiores embaixadores da World.
A Tools for Humanity é parte da World, mas não é a World em sua totalidade. Reduzir o ecossistema World à empresa é um erro. Isso a coloca na mesma categoria de qualquer big tech, quando deveria estar além disso.
A Importância da Comunidade
Projetos exponenciais exigem estrutura descentralizada. Não há escala sem comunidade. Toda grande transformação digital começa nas pontas — com pessoas, não com estruturas centralizadas.
O maior risco para a World não é técnico. É a negligência com sua comunidade. Quem acredita a ponto de tomar atitudes precisa ser ouvido, empoderado e acolhido.
A descentralização não é apenas técnica. É social. E precisa ser real. Evangelistas, desenvolvedores, criadores de conteúdo e gestores de comunidade têm papéis igualmente importantes. E devem ser tratados como tal.
A World não pode se esconder das críticas. Diálogo transparente é sinal de maturidade e comprometimento. A proposta de valor da World é preciosa demais para falhar por falta de escuta ou de equilíbrio.
Se queremos que a World seja um projeto da humanidade, precisamos tratar cada voz humana como parte dessa construção. O futuro da World depende disso. O futuro da internet depende disso. E talvez, o futuro da confiança digital também.
A linguagem da tecnologia e exatas precisa andar lado a lado com a visão humana. Neste momento, a World é um projeto preto e branco, zero e um com pouquíssima empatia com as pessoas reais. O projeto diz ser pra todos, mas há mais abertura para a elite do que para o povo.
Trajetória com a World
Desde abril de 2023, venho acompanhando e explicando o projeto. Em junho, já escrevia artigos e fazia palestras sobre a Worldcoin. Na época, o site da Tools for Humanity era apenas um formulário com um e-mail.









Minha experiência no Facebook Brasil me ensinou o impacto social que a tecnologia pode ter. Seja reconectando pessoas, seja facilitando o acesso à informação, percebi que a tecnologia só tem valor quando melhora a vida das pessoas.
Como palestrante e ativista digital há mais de 15 anos, acredito profundamente na transformação que a tecnologia pode gerar. Por isso abracei a missão da World: a prova de unicidade será, em breve, um dos elementos mais importantes da internet. Acredito tanto nisso que coloco minha reputação em jogo. Tenho "skin in the game" e por isso, não posso seguir adiante sem expressar minhas preocupações.
Não posso dizer que concordo com tudo, estar cercado de pessoas que só te falam amém não faz você crescer. Eu não concordo com muito do que foi realizado no Brasil e assumo a responsabilidade de ter falhado na minha parte e de talvez ter um pulso mais firme quando deveria. Porém, abro meu coração pra restabelecer a rota do sucesso para a World. Os gestores e aqueles que tem o poder, tem mais responsabilidade sobre suas decisões. Decisões que podem impactar a vida de todo o ecossistema e de usuários da internet no Brasil.
Eu vi coisas que não queria ter visto, eu ouvi coisas que não concordei, mas não desisti ainda de fazer a diferença.
Se você também acredita, manifeste-se. Sua voz importa. Somos poucos, mas únicos. Cada voz humana conta.
Carta Aberta ao Ecossistema World
English Version
Open Letter to the World Ecosystem
Honest Concerns About the Future of World and Its Community
World’s value proposition is too important to fail. More than that, it’s too valuable to be in the hands of people with the wrong intentions, lack of preparation, or a distorted vision. The concept of proving someone is a unique human being in the digital world carries authentic, disruptive, and naturally chaotic value. And that’s exactly why it attracts both purpose-driven individuals and those motivated purely by profit.
The difference lies in their actions. Those driven only by money act without ethics, extract everything they can from the project, and leave without leaving anything behind. In contrast, those driven by purpose study, go deeper, and contribute with or without financial reward. They understand the importance of staying involved because they believe in the mission’s social impact. Of course, we all need to make a living — but people driven by purpose stay, whether they’re paid or not.
The World ecosystem cannot become isolated, nor be led by a single ruler. I understand decentralization is a work in progress, but how it happens will make all the difference. Money alone should not determine who controls the network. We need clear governance and eligibility processes.
Talking about World’s value is almost redundant for those who already understand the project. My goal here is to raise important points — precisely because I believe in World.
My Journey with World
Since April 2023, I’ve been following and explaining the project. By June, I was already writing articles and giving talks about Worldcoin. At that time, the Tools for Humanity website was just a form and an email address.
My time at Facebook Brazil taught me about the social impact that technology can have. Whether reconnecting people or improving access to information, I realized that technology only has real value when it improves people’s lives.
As a digital activist and public speaker for over 15 years, I truly believe in the power of technology to transform. That’s why I embraced World’s mission: I believe that proof of personhood will soon become one of the most critical components of the internet. I believe in it so much that I’ve put my own reputation on the line. I have skin in the game — and that’s why I can’t move forward without expressing these concerns.
If you believe in this too, speak up. Your voice matters. We may be few, but we are unique. Every human voice counts.
Critical Points
World on the Global Stage
The project is evolving and gaining momentum, but caution is necessary. Real transformation doesn’t come from the top down — it starts from the bottom up. Proof of personhood must positively impact people’s lives to fulfill its mission. Until that happens, we must evaluate its social impact with realism.
Reducing World’s purpose to token distribution is short-sighted. The original idea of Universal Basic Income (UBI) has already evolved. Proof of personhood is what enables not only UBI but also fair governance, access to services, and better value distribution.
Partnerships with big brands matter, but they should never be more important than the impact on everyday lives. When the project drifts too far from its grassroots base, it loses strength.
Even the project’s newest announcements are exciting — yet often shrouded in mystery instead of clear communication. At first glance, initiatives like World ID Fees may seem negative. But upon deeper reading, they open up promising opportunities. So why is nobody talking about this?
World in Brazil
In Brazil, World fell victim to misinformation and sensationalist narratives. Headlines like “Sell Your Iris for R$700” went viral, while messages about “Digital Protection in the Age of AI” were ignored. Scandals get clicks — technical context doesn’t.
Public opinion heavily influenced local authorities’ decisions. Combine that with a lack of understanding of Brazilian digital culture and the technical complexity of World, and it’s easy to see how confusion spread.
World is a complex project. It requires time, study, and understanding. Many who’ve made that effort have become passionate defenders. But these defenders — the true evangelists — lack proper support.
Without recognition and backing, these key voices grow silent. If true believers are sidelined, we risk losing World’s strongest ambassadors.
Tools for Humanity is part of World, but it is not the whole ecosystem. Reducing World to just one company is a mistake. It puts it in the same category as any other big tech — when it should stand above that.
The Power of Community
Exponential projects require decentralized structures. There is no scale without community. Every major digital transformation begins with people — not centralized systems.
The biggest risk to World is not technical — it’s the neglect of its community. Those who believe in the mission enough to act must be heard, empowered, and supported.
Decentralization is not just a technical matter — it’s a social one. And it must be genuine. Evangelists, builders, content creators, and community leaders all play vital roles. And they must be treated accordingly.
Final Thoughts
World cannot hide from criticism. Transparent dialogue is a sign of maturity and commitment. Its value proposition is too important to fail due to a lack of listening or imbalance.
If we want World to be a project for all of humanity, we must treat every human voice as part of that construction. The future of World depends on it. The future of the internet depends on it. And perhaps — so does the future of digital trust.
Right now, World feels like a black-and-white, zero-or-one kind of project — with little empathy for real people. It claims to be for everyone, but so far it has been more accessible to the elite than to everyday people.
Let’s change that — together.
— Juliano Kimura